15 setembro 2006

“Futebolices”

Artigo de opinião publicado na edição de Setembro do Jornal Reporter Local.

O nosso país vive, respira, discute futebol, esse mundo de todos mas que só alguns entendem. Por ter um grande impacto na sociedade portuguesa, o poder central, as autarquias, as empresas, os sócios dos clubes, os simples adeptos, o cidadão comum, todos eles, não “sonham” o quanto se gasta no mundo do futebol. Agora eu pergunto, será que estamos no caminho certo, será que todo este investimento é benéfico para o país, será apenas desperdício, será que não existem outras prioridades, será que o dinheiro que aí se move é bem gerido, será que as pessoas que lideram o futebol são competentes, bons gestores, responsáveis???
As respostas estão à vista: o caso “ apito dourado” e o que se tem revelado nas escutas desse processo; o caso “ Mateus”, o espelho da irresponsabilidade e incompetência dos órgãos que gerem o futebol; o caso dos dez estádios de futebol criados para o euro em que alguns se revelaram um desastre em termos financeiros e ainda pela sua inutilidade, um rol de casos conhecidos de todos e que demonstram claramente o pântano futebolístico que existe em Portugal.
Mas a nível local o futebol também não tem sido uma área de grandes exemplos, apesar dos elevados investimentos que se fizeram ao longo dos últimos anos nesta área, nomeadamente por parte da Câmara Municipal e pelas diversas Juntas de Freguesia, começando nas descidas de divisão, passando pelos casos de má gestão e terminando no encerramento de alguns clubes, também é caso para se questionar se a politica desportiva em Guimarães tem sido bem gerida ou se está no bom caminho!
Todas estas questões, duvidas e responsabilidades terão que ser alvo de uma reflexão profunda, um exercício que caberá a todos nós que gostamos de futebol.
Portugal não se pode dar ao luxo de continuar a viver com estes cenários de fundo e que porventura com o “caso Mateus” se revelaram a toda a Europa, a tal que com o Euro 2004 nós quisemos impressionar e demonstrar a nossa presumível capacidade de gestão e de organização. Pois bem, foi “ sol de pouca dura”, voltámos a mostrar o nosso “caos” no mundo do futebol…
Concluo, dando aos leitores este pequeno exemplo para reflectirem, Francis Obikelu é um atleta português dos mais rápidos e prestigiados no mundo, exemplo disso são os títulos alcançados pelo mesmo ao longo dos últimos anos. Sabiam que este humilde atleta que tantas alegrias tem dado a este país se vê obrigado a treinar e viver em Espanha, apenas porque em Portugal não existe uma pista coberta onde o mesmo possa treinar e evoluir na sua modalidade. É caso para se perguntar, não se “queimará dinheiro a mais no inferno do futebol português”, dinheiro esse, que tanta falta faz noutros locais???

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